Maria Isabel Tavares: "Interdependências, soberania(s) e Bruxelas aqui tão perto"

A invasão da Ucrânia pela Rússia tem-nos revelado o mundo. Vemos, sentimos e compreendemos conceitos abstractos. Que tantas vezes tomamos como obstáculo entre nós e aqueles que decidem e que, por isso, nos fazem percepcionar as “suas” decisões como longínquas.

As dependência — “nossas” dos “outros” —, nos aumentos dos preços da energia ou dos cereais e produtos deles derivados. Nas soluções possíveis como compras conjuntas através da União Europeia (UE), que testámos na aquisição das vacinas contra a covid-19.

As dependências – dos “outros” em relação a “nós” — confirmamo-las pela decisão de adopção de contramedidas económicas robustas, dirigidas ao núcleo duro do regime russo. Para que revertam os seus comportamentos intoleráveis (porque “hão-de doer”). Firmeza e união (veremos se duradouras) mesmo com a certeza de que, em ricochete, também a “nós” nos “doerá”.

Como diminuir, ou até mesmo eliminar, a relação de dependência energética relativamente à Rússia? Acelerando a agenda da transição energética (que, mesmo antes da guerra, era ambiciosa). Reactivar, mesmo se de modo transitório, algumas fontes de energia fóssil na Europa. Em marcha. Insuficiente. Reforçar a parceria energética da Europa com os Estados Unidos. Acordada, sem surpresa, na sequência do Conselho Europeu extraordinário desta semana no qual participou Joe Biden. Ainda não chega. Inevitável (?) assegurar e negociar com fornecedores alternativos. No terreno. Aproximações à Venezuela, à Arábia Saudita ou ao Irão.

Artigo completo disponível no Público.