Luís Caeiro: "O poder corrompe?"
Para compreender o fenómeno da corrupção importa rever a ideia de que os comportamentos corruptos resultam de decisões lógicas e calculistas, ditadas pela maximização da utilidade.
O problema da corrupção regressa ao espaço público sempre que surgem casos suspeitos ou o debate político necessita de novos argumentos. Poucas vezes se tenta compreender o fenómeno na sua complexidade e as razões por que as tentativas de o erradicar têm falhado. Segundo a Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção, 6 biliões de pessoas vivem em países com sérios problemas de corrupção e o fenómeno tem, nos países desenvolvidos, custos superiores a 1,25 triliões de dólares.
A associação entre poder e corrupção é inevitável. O poder permite o controlo dos processos de tomada de decisão e eleva a capacidade de influência. Não faltam exemplos de líderes que utilizam o poder para resolver situações críticas e levar organizações ao sucesso, mas também abundam os casos do seu uso com consequências trágicas. O poder pode libertar impulsos violentos e egoístas, induzir o assédio sexual ou levar ao uso dos recursos em proveito próprio. Isto significa que o poder condiciona para a prática de actos ilícitos? Confirma-se a afirmação de Lord Acton, de que "o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente"?
A corrupção é um fenómeno difícil de delimitar, que varia com as culturas e épocas. A maior parte dos autores define a corrupção como a utilização de posições de poder para obter benefícios ilegítimos, para si ou para terceiros. Este fenómeno compreende três ilícitos mais comuns: o peculato, o tráfico de influência e o abuso de poder.
Um estudo recente sobre os efeitos da ascensão ao poder, no comportamento, concluiu que as pessoas começam a adquirir poder mostrando empatia, colaboração e sensibilidade aos interesses dos outros, mas, à medida que o consolidam, desenvolvem atitudes socialmente desajustadas. Em posições de poder é três vezes mais provável interromper o trabalho dos outros, ser agressivo quando se é contrariado, levantar a voz, tratar os outros com rudeza, proferir insultos e tomar decisões sem justificar. Outros estudos indicam que as pessoas com poder são mais preconceituosas, estereotipam os subordinados e escutam-nos menos, relativizam as reacções negativas às suas decisões e estão inclinadas a satisfazer interesses pessoais.
Ler artigo completo aqui.
Categorias: Católica-Lisbon School of Business & Economics