João César das Neves: "Valores de abril"
A revolução de 25 de Abril de 1974 é um facto histórico decisivo de que todos os portugueses contemporâneos somos herdeiros. É verdade que, como acontece sempre nas coisas humanas, alguns a fizeram, outros se apropriaram dela e alguns ainda hoje se consideram seus donos. Se enveredarmos por esse caminho das ideologias e opiniões, espera-nos a confusão, porque as coisas mais variadas passam por valores de Abril. Muitos projetaram nesse movimento os seus próprios sonhos, ambições, medos e raivas, querendo ver nele as realidades mais variadas. Aquilo que ninguém pode negar, porém, é que a revolução pertence ao povo, em nome de quem foi feita. Só a partir dele as coisas ganham sentido.
Ora os valores populares de Abril são poucos, mas sólidos. Antes de mais nada, essa revolução representou o repúdio de um regime autoritário e fechado, substituindo-o por um sistema aberto, livre e integrado no mundo livre. Esse é o seu valor principal e ninguém pode negar que se mantém íntegro passados todos estes anos. Mais importante ainda, a ordem resultante desse movimento constitui a mais duradoura e estável de todas as experiências democráticas nacionais.
Em 1974, se alguém olhasse para trás, teria de concluir que democracia era algo que nunca realmente funcionara nestas paragens. Do regabofe liberal à paz corrupta da regeneração e ao tumulto republicano, todas as tentativas de funcionar num regime eletivo tinham falhado fragorosamente em Portugal. Hoje, o mesmo exercício feito em 2022 chega à conclusão oposta. Não só somos capazes de nos governar num sistema livre, mas tivemos estabilidade e ganhos sociais incomparáveis com os de qualquer época anterior.
Artigo completo disponível na Link to Leaders.
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