José Miguel Sardica: "Trump: uma inscrição na História?"
O discurso de tomada de posse de Donald Trump como o novo-velho 47.º presidente dos Estados Unidos não surpreendeu pelo tom, nem pelo conteúdo - mas revelou uma forma oratória historicamente desafiante. Quando deixou a Casa Branca, em 2021, manchado pela autoria moral do triste assalto ao Capitólio, quase todos pensariam que o seu mandato como 45.º presidente seria uma nota de rodapé na história, um parêntesis no bipartidarismo normal de Washington. Afinal, o parêntesis foi Joe Biden e o trumpismo é uma nova América triunfante - tão absoluta em poder, depois da enorme vitória de novembro, que o democrata Barack Obama foi apanhado pelas câmaras a perguntar ao republicano George Bush: “como é que travamos isto?”
“Isto”, é um presidente narcisista e populista, megalómano e vingativo, revolucionário e imprevisível, adepto da mais pura realpolitik nacionalista e indiferente ao globalismo idealista e responsável que norteou o mundo desde a Segunda Guerra Mundial. Não é um fascista, e (esperemos) a tradição democrática americana não deixará que resvale para o iliberalismo; mas a sua auto-heroicização, o seu messianismo providencialista, a sua postura de “businessman” arrogante - em que 77 milhões de concidadãos se reviram - anunciam uma América e um mundo diferentes, feitos de nativismos, protecionismos e bilateralismos transacionais, em detrimento de realidades institucionais (a ONU ou a NATO) e mentais (o Ocidente, o Atlantismo ou o combate, com a Europa, a neoimperialismos agressivos) que tínhamos por óbvias.
Artigo completo disponível na Renascença.
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