José Miguel Sardica: "O reconhecimento do Estado da Palestina"
Nenhum Estado, um Estado ou dois Estados? Mandato internacional, país multirreligioso único ou fronteiras claras e respeitadas entre palestinianos e judeus? Eis o trilema, aparentemente insolúvel, que há mais de um século percorre a história da Terra Santa. Num mundo pós-colonial, em que a figura dos mandatos ocidentais “civilizadores” sobre longínquas partes do globo já acabou, e provada a impossibilidade de ali se constituir um único país multiétnico e multirreligioso em cima de oitenta anos de ódios e guerras, sobra, de facto, a solução dos dois Estados – um judeu e um palestiniano – fiel ao espírito do Plano de Partição da ONU de 1947.
Israel existe desde 1948, e a não ser em períodos, como o atual, de conflito aberto, o governo de Telavive nunca recusou essa solução. O mesmo não se pode dizer de muitos países árabes, que durante décadas não reconheceram Israel e não queriam um Estado palestiniano, e dos próprios palestinianos, tragicamente divididos, desde que o Hamas passou a controlar a faixa de Gaza, em 2005-06, entre um movimento terrorista e uma hoje ineficaz Autoridade Nacional da Palestina, mais moderada, mas circunscrita à Cisjordânia e sem canais de diálogo com o Hamas. O 7 de outubro de 2023, a crise dos reféns e a guerra entre Israel e o Hamas relançaram o debate; e no quadro, ou à margem, da Assembleia Geral da ONU que se reúne este mês em Nova Iorque, é expectável que parte da comunidade internacional proceda ao reconhecimento de um Estado Palestiniano.
Artigo completo disponível na Renascença.
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