Jorge Pereira da Silva: "Marcelo converteu-se ao cavaquismo"

O General Ramalho Eanes, que em campanha eleitoral de apresentava como “o candidato de Portugal”, afirmou-se depois, ao longo dos seus mandatos, como “o Presidente de todos os portugueses”. Quer se queira quer não, cunhou definitivamente a função presidencial como uma magistratura independente e suprapartidária, divergindo do paradigma semipresidencialista francês, que tinha servido de inspiração aos constituintes de 1976, mas em que o presidente é um líder partidário e exerce efetivamente poderes governativos.

Mário Soares não podia ser mais diferente de Eanes. Contudo, como seu sucessor direto em Belém, achou por bem entregar o seu cartão de militante na sede do Largo do Rato antes de iniciar as lides presidenciais. Com esse gesto simbólico, reiterou a natureza apartidária do cargo, que definiu também como “magistratura de influência” – expressão que, apesar de apelativa, significa no fundo que o Presidente não pode ter a aspiração de governar.

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