Paulo Cardoso do Amaral: "Enriquecer à conta da ´virtude´ maquiavélica... de Maquiavel"

"O Príncipe" de Maquiavel começa por ser uma lição sobre a relação entre virtude e liderança. O que terá dado origem ao adjetivo "maquiavélico"? É no estudo da aplicação detalhada do conceito de virtude que encontramos esta sublime contradição - bem como o seu valor incomensurável para os negócios - razão pela qual vale a pena estudar, debater e aplicar a virtude de Maquiavel. Niccoló di Bernardo dei Machiavelli, conhecido na nossa língua por Nicolau Maquiavel, é considerado o primeiro autor do pensamento estratégico no ciclo que a Renascença abriu ao mundo. O livro em causa tem um título conhecido, "A arte da Guerra", o mesmo exacto título do famoso livro de Sun Tzu.

Porém, é no livro "O Príncipe" que encontramos a contribuição mais conhecida e debatida de Maquiavel, o tal onde nasceu o adjectivo "maquiavélico". Mas como é possível que as ideias iluminadas da Renascença, aplicadas à liderança e à virtude, tenham como corolário uma contribuição tão perversa?

A verdade é que poucos quererão ser conhecidos como maquiavélicos, mas, como vamos ver, afinal ser maquiavélico é o que as empresas devem praticar quando almejam um posicionamento estratégico com rentabilidade à vista, leia-se, lucro. Vejamos como. Ler "O Príncipe" de Maquiavel começa por ser uma lição sobre a relação entre virtude e liderança.

Para leitores mais distraídos, à primeira vista, a virtude de Maquiavel pode até parecer inofensiva. Mas então, o que terá dado origem ao adjectivo "maquiavélico"? É no estudo da aplicação detalhada do conceito de virtude que encontramos esta sublime contradição - bem como o seu valor incomensurável para os negócios - razão pela qual vale a pena estudar, debater e aplicar a virtude de Maquiavel.

Para além das lições sobre a arte de bem liderar liderança, a virtude de Maquiavel é importante para a rentabilização de qualquer proposta de valor ao serviço da estratégia de negócios. Aliás, podemos optar por uma forma mais crua de verbalizar essa importância, e dizer o seguinte: "Como manipular as emoções dos clientes para lhes ir ao bolso".

Mas afinal qual é a relação entre a virtude de Maquiavel, as emoções das pessoas e as fontes de receita dos negócios? Vamos aos detalhes. Em "O Príncipe", Maquiavel explica detalhadamente o que é a virtude nas seguintes dimensões: o líder tem de ser (i) amigável, (ii) generoso, (iii) piedoso, (iv) saber manter a sua palavra, (v) ser socialmente casto, (vi) convicto, e (vii) consequente nas suas decisões.

Além disso, relativamente ao processo de decisão, o líder tem de ser (i) sério, (ii) corajoso, (iii) transparente e (iv) firme. É isto. Maquiavel passa metade do livro a descrever como exercer a liderança com virtude, ou seja, como aplicar estes onze princípios, e a outra metade a dar exemplos, alguns deles do tempo do império romano, bem ao estilo da alta renascença, diga-se. Afinal, não é só nas correntes estéticas que encontramos o revivalismo da antiguidade clássica. Aparentemente, todos estes princípios de liderança são virtuosos, positivos e muito longe da tradicional percepção do que é ser maquiavélico. Porém, o significado mais comum deste adjectivo está patente na célebre frase "os fins justificam os meios".

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