Paulo Cardoso do Amaral: "Afinal para que servem as ´Stable Coins´?"
Uma Stable Coin é um tipo de criptomoeda com um valor estável, minimizando assim a sua volatilidade. Por exemplo, a JPCoin é indexada ao dólar e serve para transferências. Neste caso é simples: quando alguém envia euros através da JP Morgan, esses euros são transformados em JPCoins, e quando chegam ao destino, são transformados em Euros outra vez.
Mas para maioria das Stable Coins não é assim tão simples. Quando adquirimos uma criptomoeda, recorremos a um Exchange, que é uma espécie de bolsa. Quem nos vende a criptomoeda não é o Exchange, mas sim um vendedor que recorreu à mesma plataforma. Ou seja, transacionamos moeda em circulação.
Antes de circular, uma criptomoeda tem de ser emitida, e a pergunta é: quem é que as recebe à medida que vão sendo criadas, ficando portanto com o proveito da venda quando entrarem em circulação? Há várias soluções. Na Bitcoin, por exemplo, os miners responsáveis pela gestão da rede habilitam-se a receber 6,25 bitcoins a cada 10 minutos, um valor que desce a cada quatro anos e que terminará no ano 2140 quando houver 21 milhões de Bitcoins em circulação.
Já o Ripple, decidiu emitir 100 Biliões de Ripples à cabeça, e vai colocando esse valor no mercado para quem os quiser comprar. Neste caso, não precisam de remunerar mineiros, pois não é assim que o Ripple funciona, e o dinheiro vai direitinho para os bolsos dos seus criadores. Há, portanto, para todos os gostos. Como todas as moedas, o valor da criptomoeda também flutua nos mercados.
Então, por que razão há tanta volatilidade nas criptomoedas quando comparadas com as moedas tradicionais? É que as criptomoedas têm sobretudo investimento, daí a sua volatilidade e especulação, enquanto a moeda fiduciária é sobretudo um meio de pagamento na economia a que pertence. Neste momento, a utilização de criptomoedas como meio de pagamento ainda é marginal.
Afinal, quantos são os comerciantes onde podemos pagar com criptomoeda? Será sempre essa a melhor medida, pois só se tornará relevante quando esse número for significativo, e não é. A grande razão para a volatilidade actual reside, portanto, na sua utilização como reserva de valor. Valorizará se houver cada vez mais gente a acreditar nisso (especulação), ou se de repente houver mais necessidade de criptomoedas como meio de pagamento. É neste contexto que surgem as Stable Coins.
Sendo estáveis, a questão do investimento para valorização estará fora de questão. Parece, portanto, que o interesse nas Stable Coins está na sua utilização como meio de pagamento, até porque a estabilidade cria confiança. Se assim for, haverá uma substituição gradual da massa monetária emitida pelos bancos centrais pelas criptomoedas em circulação, sejam elas estáveis ou não. A outra hipótese é a emissão de parte da moeda dos bancos centrais na forma Stable Coin, i.e., as famosas CBDC (Central Bank Digital Currencies), tal como o já existente Digital Yuan ou o futuro Euro Digital.
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