Patrícia Oliveira-Silva: "Porque sentimos a política mais do que a pensamos"
Não são apenas programas eleitorais que conquistam votos. E os políticos aprenderam há muito esta lição. As eleições não se vencem apenas com os números, o instinto dos eleitores também pesa.
Todos sabemos que os factos contam. Mas o que raramente admitimos é que eles chegam muitas vezes atrasados. A política parece entranhar-se primeiro pelo pulso acelerado, pelo nó no estômago, pelo conforto da pertença. Já os factos, a razão e os argumentos vêm como advogados de defesa a tentar justificar uma escolha que já foi feita nos bastidores das nossas mentes. É esse atalho que explica por que certos discursos e alguns líderes nos galvanizam de imediato, mesmo quando não conseguimos justificar o que sentimos.
As emoções que ativam os nossos mecanismos de medo e o sentido de pertença não esperam pelos factos. A evolução assim moldou a nossa biologia.
Nota: Este conteúdo é exclusivo dos assinantes do Observador de 25 de setembro de 2025.
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