A maior corrida do mundo é pelo controlo da inteligência artificial
A maior corrida do mundo é tecnológica e tem a inteligência artificial como primeiro prémio. EUA e China disputam a liderança, mas a UE poderá ter uma palavra a dizer. Como? Com investimento. Estamos a assistir a uma corrida tecnológica entre os principais blocos geopolíticos e o primeiro prémio é uma vantagem no desenvolvimento de inteligência artificial (IA), aquela que a norte-americana Comissão de Segurança Nacional sobre Inteligência Artificial (NSCAI, na sigla em inglês) considera ser "a mais poderosa ferramenta em gerações".
Os especialistas concordam que a competição se desenrola, atualmente, entre os Estados Unidos da América, que a lideram, e a China, que tem encurtado distâncias de modo consistente. "Os Estados Unidos e os seus amigos e aliados têm sido as potências tecnológicas dominantes nas últimas décadas, mas a China está rapidamente a recuperar em algumas áreas importantes", afirma Anja Manuel, responsável pelo Fórum de Segurança de Aspen.
Não se trata de um remake da "guerra fria" que opôs os EUA à União Soviética e em que se desenvolveram o mesmo tipo de disputas, como a corrida à conquista do espaço, porque vivemos uma interdependência económica e porque as diferenças ainda são consideráveis.
"As interconexões económicas criam dependências. Quanto mais um país depende de outro, mais o seu poder enfraquece e este é o caso da China no comércio com os EUA", diz Antonia Colibasanu, analista e administradora responsável pelas operações na Geopolitical Futures. Facto, no entanto, é que os co-presidentes da NSCAI - Eric Schmidt, ex-presidente-executivo da Google, e Robert Work, ex-secretário-adjunto da Defesa nas administrações Obama e Trump - dizem, na carta que acompanha o relatório final do organismo que lhes cabe entregar uma mensagem "desconfortável: a América não está preparada para defender ou competir na era da IA".
A capacidade de evolução que o Império do Meio tem demonstrado é reconhecida. "A China é uma potência de inovação impressionante", alerta Anja Manuel, destacando o trabalho feito em áreas como as dos "sistemas de pagamento e fintech", com empresas como a Alypay ou a Ant Financial, e na próxima geração de comunicações móveis (5G/6G), em que "a Huawei é excelente", disputando a primazia com a Ericson e a Nokia.
Anja Manuel, cofundadora de consultora estratégica com a ex-secretária de Estado norte-americana Condoleezza Rice e o ex-secretário da Defesa Robert Gates, aponta o caso dos semicondutores para evidenciar a atual situação. A procura suplanta a oferta no mercado, com consequências em diversos sectores e a China já reagiu. "A indústria estima que entre 2015 e 2025 a China investirá 350 mil milhões de dólares [cerca de 286 mil milhões de euros] para fortalecer o seu ecossistema de semicondutores", diz. "Cerca de 55% do consumo de semicondutores da China é usado em produtos fabricados na China para empresas estrangeiras, incluindo a Apple, a Cisco e a HP", acrescenta.
E que papel pode ter a Europa? Não se pense, no entanto, que se trata de uma corrida a dois. "Todos os blocos com voz geopolítica estão a investir significativamente em tecnologia seguramente desde os anos 2000, e alguns mesmo antes", diz ao JE Paulo Cardo do Amaral, doutorado em Sistemas de Informação e professor na Católica Lisbon. "A aceleração está acontecer por causa dos impactos estratégicos ligados à informação e conhecimento", acrescenta.
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Categorias: Católica Lisbon School of Business & Economics