Jorge Pereira da Silva: "Manter a fé na humanidade?"
Poupo-me a descrever as crenças que integram o "evangelho" do esparguete voador, mas queria dar os parabéns ao IRN pela seriedade como tratou a questão neste mundo cada vez mais ensandecido. À medida que avança a pandemia vai-se tornando cada vez mais difícil manter a fé na humanidade, tantos e tão diversos são os sinais de insanidade com que nos deparamos todos os dias.
Não estou a referir-me aos desvarios da equipa jurídica de Trump, que à falta de factos enveredou por inenarráveis teorias da conspiração. Entretanto, esta semana, Biden parece ter ganhado as eleições pela segunda vez e a transição vai começar. Também não estou a pensar na casmurrice do PCP, que insiste em fazer o seu congresso ao mesmo tempo que a pandemia dispara.
Afinal, o PCP também já fez a Festa do Avante e não é propriamente um partido dado a aprender com os erros do passado. Tão-pouco me refiro à hilariante tentativa de atirar para cima de Cavaco Silva a responsabilidade pela realização do dito congresso do PCP. Políticos a assumir a responsabilidade pelos seu atos e omissões é coisa rara e, por isso, para sacudir a água do capote vale quase tudo. Nem sequer me passa pela cabeça criticar a estratégia de combater o aumento galopante do número de infetados com "pontes" para alunos e professores e "tolerâncias de ponto" para funcionários públicos.
Quem é que, recebendo o ordenado por inteiro, alguma vez se queixou de não trabalhar? A razão da dificuldade em manter a fé na humanidade é bem mais pequenina. Aparentemente insignificante. Na realidade, circulou esta semana uma notícia de que o Instituto dos Registos e Notariado (IRN) se tinha debruçado extensamente sobre a questão jurídica de saber se uma pessoa pode exigir tirar a fotografia do seu cartão de cidadão com a cabeça coberta.
A questão é, em si mesma, bastante delicada, porque o modo como cada um se identifica (perante o poder público e perante terceiros) não é de todo neutro do ponto de vista dos seus direitos fundamentais. Há motivações religiosas, culturais, médicas e até estéticas que encontram suporte na liberdade religiosa, no livre desenvolvimento da personalidade e até no direito à imagem.
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