Saúde Mental no Ensino Superior

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O contexto do ensino superior coloca diferentes desafios aos estudantes, nomeadamente pelo confronto com novos ambientes interpessoais, pela alteração das metodologias de ensino e do ritmo de trabalho, pela maior exigência de diferentes currículos académicos, pelas expectativas colocadas face ao futuro profissional, pelo possível afastamento do contexto familiar/amigos e por questões financeiras (e.g., Barbosa et al., 2020; Costa & Leal, 2008; Guedes et al., 2019; Guisande, & Almeida, 2007; Leal et al., 2019; Moutinho et al., 2019; Oliveira et al., 2016; Rodrigues et al., 2020; Toti et al., 2018).

Associado a estes desafios, a investigação realça que estes estudantes estão mais vulneráveis ao desenvolvimento de perturbações mentais, tais como a depressão, a ansiedade e o stress (Almeida, 2014; Bohry, 2007; Bayram & Bilgel, 2008;Campbell et al., 2022;Eisenberg et al., 2007), manifestando níveis superiores de sintomatologia, quando comparados com os da população em geral (Adlaf et al., 2001; Ibrahim et al., 2013).

Estima-se que entre 15% a 25% dos estudantes universitários sofra de algum tipo de problema ou perturbação mental durante a sua formação académica (Chan & Sun, 2020; Harrer et al., 2019). Em Portugal, um estudo realizado com 1 174 estudantes de 53 Instituições de Ensino Superior (Silva et al., 2024), revelou que 46% apresentavam resultados significativos de sintomatologia depressiva, 39% de sintomatologia ansiosa e 31% de sintomatologia de stress.

A evidência científica mostra que a depressão e o stress acumulado aumentam a vulnerabilidade ao suicídio entre estudantes universitários (Li et al., 2020; O’Neill et al., 2018). A distância física da família, resultante da mudança para a universidade, também contribui para este risco (O’Neill et al., 2018). O acesso ao álcool e a outras drogas é outro fator que potencia a vulnerabilidade (O’Neill et al., 2018). Estes riscos são especialmente elevados nos períodos imediatamente após a entrada na universidade (Gandhi et al., 2018; Mortier et al., 2018). A nível global, o suicídio constitui um problema de saúde pública. É a quarta principal causa de morte entre jovens com idades entre os 15 e os 29 anos (OMS, 2019).