Nuno Ornelas Martins: "Organizar a produção de forma sustentável"

Sem uma gestão e monitorização a nível mais local, não temos uma noção adequada das implicações ecológicas e sociais das cadeias de abastecimento que nos fornecem variados bens e serviços.

“Small is beautiful”, ou assim dizia E. F. Schumacher num livro que no próximo ano terá meio século de existência. Esse livro continha diversos avisos sobre os problemas ecológicos trazidos pela forma de organizar a actividade económica que continuam a ser relevantes.

A tendência neste meio século, todavia, tem sido na direcção da criação de sistemas produtivos de cada vez maior dimensão, em cadeias de abastecimento de cada vez maior alcance geográfico. A mensagem fundamental do livro, contudo, não era apenas a necessidade de sistemas produtivos de menor dimensão, mas também organizar os sistemas de maior dimensão de modo a que funcionem como uma articulação de unidades mais pequenas com alguma autonomia na sua gestão e monitorização. Sem essa gestão e monitorização a nível mais local, não temos uma noção adequada das implicações ecológicas e sociais das cadeias de abastecimento que nos fornecem variados bens e serviços.

Mesmo quando se procura quantificar esses custos ecológicos e sociais, a métrica utilizada para o efeito procura captar as nossas preferências subjectivas, tal como se imagina serem reveladas nos preços de mercado. Ou no caso dos bens e serviços (ainda) não mercantilizados, a métrica baseia-se em avaliações contingentes destinadas a encontrar qual seria o preço que expressaria as nossas preferências subjectivas se houvesse um mercado para esse bem ou serviço.

Nota: Artigo completo disponível no Jornal Económico.