José Miguel Sardica: "​Pequena história de Olivença"

A história portuguesa entra aos supetões no debate público. Foi o que aconteceu por estes dias, com a sempiterna questão da soberania sobre Olivença, a vila raiana fronteira a Elvas e Vila Viçosa. Em deslocação oficial a Estremoz, o ministro da Defesa declarou à comunicação social que Olivença “é portuguesa” e que desse “direito” não deve o país abdicar, porque ele é justo. Historicamente, Nuno Melo tem razão, e num presente em que o direito internacional tantas vezes é desrespeitado, é útil lembrá-lo. Politicamente, e como ele mesmo reconheceu, “a realpolitik é a realpolitik” e a pouco poderá conduzir o seu lembrete nacionalista.

A vila de Olivença foi incorporada no reino de Portugal pelo tratado de Alcanises, negociado em 1297 por D. Dinis e D. Fernando IV de Castela, juntamente com Campo Maior e as terras de Ribacôa. Recebeu foral logo em 1298, uma alcáçova no século XIV e a magnífica ponte fortificada sobre o Guadiana no tempo de D. Manuel. No período filipino, a sua pertença a Portugal nunca foi questionada; e ocupada durante a Guerra da Restauração, Olivença foi devolvida pela Espanha na paz de 1668. Quando os espanhóis do valido Manuel Godoy, atrás do qual espreitava o poderio do cônsul Napoleão Bonaparte, invadiram Portugal para travar e vencer a «Guerra das Laranjas», em junho de 1801, Olivença foi tomada, e Portugal coagido a aceitar a anexação da vila pela monarquia espanhola nos termos do tratado de Badajoz, em setembro desse ano.

Artigo completo disponível na Renascença.