José Miguel Sardica: "António Sardinha: 100 anos"
António Manuel de Sousa Sardinha foi uma das mais singulares figuras do complexo campo das direitas portuguesas do primeiro quarto do século XX. Morreu no seu Alentejo natal, em Elvas, de uma septicémia malcurada, a 10 de janeiro de 1925, com 37 anos. Deixou incompleta, mas sem dúvida influente, uma vasta obra na qual se descobre a riqueza da pluralidade das suas intervenções cívicas e a sinuosidade do seu percurso intelectual, que o fez evoluir da utopia republicana da juventude para o conforto espiritual do ideário católico e monárquico que insuflou o pensamento e a ação do “seu” Integralismo Lusitano.
Nascido em Monforte, em 1887, e formado no ambiente da crise monárquica finissecular, começou por encontrar um antídoto contra o decadentismo do tempo numa adesão entusiasta à promessa republicana de regeneração, democracia e progresso. Depois de 1910, contudo, mergulhou depressa num enorme desencanto perante o rumo seguido pelo novo regime, que reproduzia, nas fraudes eleitorais, no parlamentarismo estéril, na guerra religiosa ou na impossibilidade de reformas de fundo, alguns dos vícios de que a monarquia finda padecera. O problema de fundo português não se resolvera e parecia estar até a agravar-se.
Artigo completo disponível na Renascença.
Categorias: Faculdade de Ciências Humanas