Xavier Cunha: “A Universidade Católica tem sido para mim uma casa e um motivo de orgulho.”

Xavier Cunha

Xavier Cunha é estudante do quarto ano da Dupla Licenciatura em Direito e em Gestão da Católica Porto Business School e da Faculdade de Direito – Escola do Porto da Universidade Católica Portuguesa. A experiência na Católica tem sido, para si, “uma casa e motivo de orgulho”, marcada pela proximidade entre estudantes e professores e por uma forte dimensão de desenvolvimento pessoal. Ativo em várias iniciativas, como a Missão País, Xavier Cunha destaca também o impacto da Bolsa Novos Talentos da Fundação Gulbenkian, que lhe abriu o gosto pela investigação. Atualmente em Erasmus, em Roma, vê o seu futuro profissional dividido entre três áreas que o apaixonam: a advocacia, a academia e a intervenção política ou em instituições públicas, sempre com o propósito de “trabalhar para o bem comum”.

 

É estudante da Dupla Licenciatura em Direito e em Gestão. O que o motivou a escolher este curso?

A Dupla fez sentido para mim desde o momento em que conheci o programa, no início do ensino secundário. Por um lado, o Direito fascinava-me desde a infância, em larga medida por influência do meu pai; por outro, por volta dos 15 anos, comecei a desenvolver um gosto pela Economia e pela Gestão, apoiado, nesse caso, pela minha mãe. Com este contexto e uma clara apetência para as Ciências Sociais e Humanas, a Dupla revelou-se uma oportunidade única de conjugar duas paixões. Penso que o caminho para o ser humano se distinguir do algoritmo, no meu tempo de vida, passará pelo desenvolvimento de um conhecimento amplo, pela capacidade de relacionar conceitos de diferentes áreas do saber e de perceber as inter-relações já existentes entre elas na sociedade. Do meu ponto de vista, a Dupla é a melhor oportunidade para desenvolver essa capacidade, em Portugal.

 

De que forma considera que o Direito e a Gestão se complementam?

O Direito é a base da civilização humana. Nas primeiras aulas de Introdução ao Estudo do Direito, aprendemos que a sua função é ordenar a vida em sociedade e ser motor da sua transformação rumo a um ideal de justiça. Posto isto, qualquer pessoa com paixão pelas Ciências Sociais – pelo estudo do ser humano na sua relação com o outro – encontra no Direito o centro da sua curiosidade. A Gestão representa, por sua vez, o contacto com a realidade dinâmica e com a interação humana no que diz respeito aos bens. Suscitou-me particular interesse a forma como as interações económicas espelham a mais profunda natureza humana. Para dar um exemplo: por detrás da repetida frase “com o aumento da procura, há um aumento do preço, ceteris paribus”, está uma expressão clara da perceção de escassez, valor e competição que caracteriza a humanidade.
Hoje, parece-me que o que acrescenta verdadeiro valor a alguém, enquanto profissional e ser humano, é a capacidade de não se fechar a uma só área do conhecimento, de conseguir relacionar diferentes disciplinas e manter uma conversa com pessoas de formações diversas. Alguém da Dupla sentir-se-ia igualmente bem num tribunal, num banco central, numa bolsa de valores ou numa empresa industrial. Para mim, nada me entusiasma mais do que essa versatilidade.

 

Como tem sido a sua experiência na Universidade Católica?

O meu primeiro contacto com a Universidade Católica aconteceu ainda no ensino secundário, através dos dias abertos. Desde esse momento, surpreendeu-me o cuidado personalizado com cada aluno e a sensação de estar perante uma instituição diferente, com valores éticos e excelência académica ímpares. Desde então, a Universidade Católica tem sido para mim casa e motivo de orgulho. Destaco a proximidade entre estudantes, docentes e pessoal não docente: sente-se um espírito comum, uma responsabilidade de ser “Católica”. Penso que quanto mais nos envolvemos e exploramos tudo o que a Universidade tem para oferecer, mais a relação com a instituição se fortalece. A Pastoral, através da UDIP e da Missão País, tem também marcado profundamente a minha experiência, promovendo o meu desenvolvimento integral enquanto pessoa. A matriz católica é, sem dúvida, um traço distintivo que pode marcar a vida de cada estudante que procure na Universidade mais do que um simples percurso académico. Sublinho ainda a relação com muitos professores, exemplos de proximidade, cuidado e rigor. São uma grande parte do que torna a Católica diferente: aqui, nenhum aluno é um número, mas sim uma pessoa, com nome e rosto, a descobrir o seu caminho com o apoio de todos.

 

Tem estado envolvido em várias atividades extracurriculares ligadas à Universidade…

No primeiro ano, tive uma breve experiência na Católica Policy Society, um clube de políticas públicas cujo crescimento acompanho com alegria. Desde 2023, participo na Missão País, projeto católico de voluntariado para universitários, na Missão da Universidade Católica, onde assumi, em 2024 e 2025, responsabilidades como chefe. Esta experiência revelou-se essencial para, numa fase inicial, me sentir mais em casa na Universidade, conhecendo cada vez mais pessoas e também contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento das minhas capacidades de planeamento e liderança, bem como de competências interpessoais.

 

Foi bolseiro Novos Talentos da Fundação Gulbenkian. Que significado teve para si essa experiência?

A Bolsa Novos Talentos destina-se a proporcionar um primeiro contacto com o mundo da investigação a estudantes de licenciatura ou de mestrado inicial. No meu caso, abriu-me um mundo novo – o da investigação –, despertando o meu gosto pela academia e permitindo-me conhecer muitos jovens brilhantes da minha geração. No âmbito da bolsa, desenvolvi um trabalho de investigação em Ciência Política, estudando aspetos da assistência social transversais a vários pensadores e a sua perspetiva futura.

 

Atualmente está em Erasmus em Roma. Como está a ser essa experiência?

Escolhi fazer Erasmus em Roma, na Luiss Guido Carli. A città eterna tem imenso para oferecer e, apesar de estar cá há apenas um mês, sinto que conheço ainda só uma pequena parte. Como primeira experiência de média duração fora de Portugal, traz naturalmente desafios – o maior dos quais aprender italiano –, mas também o encanto de viver rodeado de história a cada passo. Confirmou-se ainda uma perceção que eu julgava um clichê: em cada canto do mundo há um português (e aqui, muitos)! Essa proximidade tem ajudado a viver esta experiência com um forte sentido de comunidade. A nível académico, a Luiss Guido Carli propõe uma abordagem distinta das universidades portuguesas, o que me levou a reconfigurar o meu método de estudo, tornando-me mais flexível e proativo na busca do conhecimento, dentro e fora da sala de aula.

 

Quais são os seus planos para o seu futuro profissional?

A Dupla Licenciatura, pela sua amplitude e interdisciplinaridade, abre muitas portas, o que torna difícil escolher apenas um caminho entre tantos possíveis. Noto que, em mim e em vários colegas, os interesses e perspetivas de futuro vão evoluindo ao longo do percurso. Atualmente, interessam-me, por um lado, a advocacia, por outro, a academia e, num terceiro plano, a intervenção política ou em instituições públicas, sempre com a perspetiva de trabalhar para o bem comum. Certamente o futuro passará por uma ou mais destas áreas. Tenho consciência de que, ao contrário da geração dos meus pais, que frequentemente permanecia no mesmo emprego ao longo de toda a vida, hoje as carreiras são mais dinâmicas e fluidas, proporcionando novas oportunidades.

 


Pessoas em Destaque é uma rubrica de entrevistas da Universidade Católica Portuguesa, Centro Regional do Porto.