Papa Leão XIV esteve na Católica, durante a JMJ. A visita inspirou a sua Carta Apostólica sobre Educação

A 3 de agosto de 2023, a Jornada Mundial da Juventude trazia o Papa Francisco à Universidade Católica, em Lisboa, para uma conversa com jovens universitários.

O mesmo motivo trouxe também a Lisboa, e à Católica, o então bispo Robert Francis Prevost, hoje Leão XVI. E a viagem parece ter inspirado o Papa que agora recordou as palavras do seu antecessor nessa ocasião.

Na Carta Apostólica “Desenhar novos mapas de esperança”, de 27 de outubro, que assinalou o 60º aniversário da Declaração conciliar Gravissimum educationis e que foi publicada no Jubileu do Mundo Educativo, o Papa Leão XIV relembra a ideia de educação cristã como uma coreografia.

“Dirigindo-se aos universitários na Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, o meu saudoso predecessor, o Papa Francisco, disse: «Sejam protagonistas de uma nova coreografia que coloque a pessoa humana no centro; sejam coreógrafos da dança da vida»”, escreve o Santo Padre.

Na Carta Apostólica, Leão XIV dirige-se à comunidade educativa e às instituições de ensino, reafirmando a educação como um caminho de esperança e confiança e como resposta aos desafios atuais. Entre outras mensagens, evoca o direito de todos à educação, a importância da família no processo educativo, a responsabilidade dos educadores e a relevância da sua formação científica, pedagógica, cultural e espiritual e ainda o papel das constelações educacionais.

 “É necessária uma educação que envolva a mente, o coração e as mãos; novos hábitos, estilos comunitários, práticas virtuosas”, sustenta o Papa.

O Sumo Pontífice aponta ainda a crescente presença da inteligência artificial e dos ambientes digitais e tecnológicos que devem ser orientados para a proteção da dignidade, da justiça e do trabalho, regidos por critérios de ética pública e participação, colocando sempre a pessoa antes do algoritmo. “Nenhum algoritmo poderá substituir o que torna a educação humana: poesia, ironia, amor, arte, imaginação, a alegria da descoberta e até mesmo a educação para o erro como oportunidade de crescimento”, frisa.

Para a Reitora da Universidade Católica Portuguesa, Isabel Capeloa Gil, há três ideias a destacar nesta comunicação do Papa dedicada ao ensino e às universidades, em particular as católicas, e que são essenciais para “o desenvolvimento de uma sociedade que se quer equilibrada, humanista, centrada na defesa da dignidade da pessoa, nos direitos das pessoas e no contributo para o seu florescimento”.

A primeira, considera a Reitora – que também participou no Jubileu do Mundo Educativo, em Roma e no Vaticano –, está relacionada com a missão das universidades. “A universidade é evangélica no sentido de criar novidade, de fazer novas todas as coisas. O nosso desafio é o de lermos os sinais dos tempos e, com esses sinais, estarmos sempre na vanguarda do conhecimento, transformando, avançando, inovando, não olhando para o passado com uma nostalgia que estarrece, mas olhando para o futuro, usando esse passado como algo que nos movimenta a fazer melhor”, explica.

A organização e a estrutura das universidades são o foco da segunda ideia, baseando-se na opinião expressa por Leão XIV na Carta Apostólica de que “têm de ser lugares onde há mais mesas e menos cátedras”, ou seja, serem espaços de colaboração, de diálogo, de procura de caminhos comuns para os desafios.

A terceira prende-se com os alunos. “É de manter a ideia de universidade como promessa”, resume. “A nossa missão não é orientarmos a nossa ação por perfis de competências, mas formar pessoas e formar pessoas orientadas para uma promessa de futuro para as nossas sociedades”, defende Isabel Capeloa Gil.

Notícia_ Papa Leão XIV_JMJ

Categorias: A Católica Católica na JMJ

Seg, 10/11/2025