Dia Mundial do Sono: “A insónia é um problema que afeta muitos estudantes universitários e não pode ser desvalorizado”

Com uma vida dedicada ao estudo do sono, Helena Rebelo Pinto, professora Catedrática Convidada da Faculdade de Ciências Humanas da UCP, não esconde uma “grande preocupação com a falta de qualidade do sono dos portugueses”. No Dia Mundial do Sono, a investigadora destaca que “o problema tem sido desvalorizado e isso tem efeitos preocupantes na saúde pública”, adiantando que “em Portugal, as jornadas de trabalho têm horas excessivas, os trajetos trabalho-casa são longos e a necessidade de realização de tarefas domésticas estão a provocar uma privação do sono que é prejudicial à saúde e que afeta sobretudo as mulheres”.

Apesar de salientar que a má qualidade do sono atinge pessoas de todas as idades, Helena Rebelo Pinto refere que “nas crianças e adolescentes é especialmente grave porque está em causa o seu desenvolvimento”. E se nesta faixa etária “é urgente tomar medidas”, diz a docente,” quando os jovens chegam à Universidade, o problema é ainda maior”.

“A Hipervigília a que os estudantes universitários estão muitas vezes sujeitos, altera o ciclo sono/vigília e cria um estado de ansiedade e stress, que afeta o sono”.

Exemplo disso, diz a docente, “são as exigências académicas dos estudantes que obrigam muitas vezes a que façam diretas (nada recomendáveis) ou longas horas de estudo para realizarem os trabalhos propostos”.

“É preciso não esquecer que há mais de cem doenças do sono identificadas, mas a mais frequente nos estudantes e jovens adultos é a insónia, que se manifesta pela dificuldade em adormecer, de manter o sono durante a noite ou por acordar muito cedo, “acrescenta a investigadora.

Além disso, salienta, “a vida universitária tem problemas de insónia, associada a doenças como a depressão, por isso é que não deve ser tratada de uma forma selvagem, ou seja, sem recurso a fontes especializadas”.

E um dos locais onde os estudantes podem procurar ajuda é na própria Universidade, diz Helena Rebelo Pinto, salientando que “toda a comunidade académica deve estar sensibilizada para estas questões, criando atividades orientadas para a formação do aluno enquanto pessoa”.

Sobre esta matéria a docente chama a atenção para a oferta na Universidade Católica, da Pós-Graduação da FCH em Psicologia do Sono, para profissionais de saúde, educação e área social, muito importante para a sensibilização da importância do sono”.

“E se para algumas pessoas dormir sete horas é suficiente, outras precisam de 10 horas. Tudo depende das características individuais”, salienta Helena Rebelo Pinto, que aproveita esta ocasião para deixar um conselho aos estudantes”.

“Durmam bem porque terão melhor aproveitamento, serão seguramente mais competentes enquanto profissionais e serão muito mais felizes e saudáveis como pessoas”.

Categorias: A Católica A missão de ensinar

Sexta, 18/03/2022