Debate com Nuno Palma enche auditório na Católica Porto Business School
A Católica Porto Business School recebeu Nuno Palma, professor de Economia na Universidade de Manchester, para apresentar e debater o seu livro “As Causas do Atraso Português”. O evento, integrado nas iniciativas de divulgação e debate académico da Escola, contou com uma forte adesão da comunidade académica e pública em geral.
A sessão foi aberta pela diretora-adjunta para o corpo docente da Escola, Ana Lourenço, e teve como participantes em debate os docentes Rodrigo Queiroz e Melo (Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa) e Miguel Sottomayor (Católica Porto Business School).
Para iniciar a sessão, Nuno Palma fez uma intervenção onde apresentou o enquadramento do livro traçando um retrato histórico e económico do desenvolvimento português, desde o império colonial no século XVII até ao século XX. Segundo o autor, “Portugal não estava atrasado em relação à Europa no século XVIII, mas ficou claramente para trás no século XIX”. Defendeu ainda que “o Império nunca enriqueceu o país como um todo – teve algum peso para o Estado, mas nunca para a economia portuguesa como um todo”. A análise percorreu temas como a cultura, a religião, o papel do Marquês de Pombal, os movimentos liberais, a Primeira República e o Estado Novo. O livro procura responder à questão central: como pode um país considerado rico no contexto mundial manter-se entre os menos desenvolvidos da Europa?
De seguida deu-se início ao debate com a moderação de Miguel Sottomayor e que contou com a participação de Rodrigo Queiroz e Melo e Nuno Palma. O debate centrou-se, em grande parte, na educação como um dos principais fatores estruturais de atraso. Rodrigo Queiroz e Melo destacou a discrepância entre o investimento na classe docente e os resultados obtidos na educação da população: "Em dez anos duplicámos o número de professores, mas não duplicámos o número de licenciados, nem aumentámos 10 ou 15%".
Alertou ainda para os baixos níveis de literacia e numeracia da geração mais qualificada de sempre, entre os 18 e os 35 anos, sublinhando a ausência de incentivos no sistema educativo para uma melhoria real: "O sistema continua a não produzir pessoas comparáveis com o resto do mundo."
A sessão terminou com um momento de perguntas e respostas que permitiu um diálogo direto entre os participantes e os intervenientes no debate.