Mensagem do Dia Nacional da Católica
A Universidade como Protagonista do Futuro
Durante muitos séculos, pensar e olhar o futuro foi uma prática idealista e essencialmente otimista. Projetava-se ‘o melhor dos mundos’, olhava-se o progresso tecnológico como agente de uma ciência que intentava melhorar a condição humana. Ao longo do século XX, a perceção eufórica do progresso foi sendo limitada pela consciência da abissal capacidade para a produção do infortúnio. Para tal contribuiu o desencanto com uma globalização da indiferença, o aprofundar das guerras culturais e o emergir da violência extrema. Do mesmo modo, encontramo-nos perante a realidade de uma crise de recursos e de uma crescente e evidente exaustão do planeta, ao mesmo tempo que a quarta revolução tecnológica coloca sérias questões ao futuro do trabalho e bem assim à própria definição da vita activa como definidora da matriz do humano.
A universidade é uma instituição central para que o futuro não seja marcado pelo sonambulismo da desgraça, mas pelo contrário se constitua na luz da defesa dos valores inclusivos, ecuménicos e justos do humanismo. Nas suas atividades de ensino, investigação e transferência de conhecimento, a Universidade Católica Portuguesa não será um epígono da tecnocracia, mas protagonista de uma ecologia solidária e de um futuro eticamente responsável, socialmente inclusivo, respeitador dos direitos da justiça e preservando a dignidade humana e bem assim a vitalidade e diversidade da nossa casa comum.
Mas como afirmou o Papa Francisco na audiência à Federação Internacional das Universidades Católicas, em novembro de 2019, a grande missão das universidades católicas define-se pela formação sólida de novos protagonistas. “A forte pressão sentida em diversos âmbitos da vida socio-económica, política e cultural, interpela a vocação da própria universidade, em particular a tarefa dos professores de ensinar, investigar e preparar as gerações mais jovens para que se convertam não só em profissionais qualificados nas diversas disciplinas, mas também protagonistas do bem comum, em líderes criativos e responsáveis na vida social e civil, com uma visão correta do Homem e do mundo. É neste sentido que as universidades hoje se devem interrogar que contribuição podem e devem dar para a saúde integral do ser humano e uma ecologia solidária.”
Como grande projeto da Igreja em Portugal, a Universidade Católica será protagonista na medida em que souber formar e dar espaço a novos protagonistas, que não ignorem a complexidade que nos rodeia, mas que saibam, com criatividade e responsabilidade, contribuir para um futuro transformado no campo profissional, social e cultural.
Isabel Capeloa Gil
Reitora da Universidade Católica Portuguesa