Dia da Europa: "União Europeia – Uma Receita Inacabada" por Sofia Florentino

A.C. e D.C. serviam como marcos para nos referirmos ao tempo antes e depois de Cristo. Hoje, o coronavírus abalou de tal forma a realidade que tomávamos como certa, que torna obrigatória a distinção do tempo antes e depois da COVID-19, desafiando dar um novo significado às siglas.

Isolamento, Impotência, Separação. As palavras-chave que o vírus semeou, são o oposto do que se celebra hoje: "in uno plures" ("Unidos na Diversidade"). O berço da União Europeia, a Declaração de Schuman, conta hoje 71 primaveras.

Décadas volvidas, a UE é como sempre foi, fundamentalmente, um projeto de paz, porém, a paz de hoje significa não só ausência de guerra, mas segurança pública, política, social, ambiental, de saúde… A pandemia veio exacerbar essas necessidades, expor as fragilidades e testar lideranças: ao exigir ação concreta na gestão da crise gerou uma situação de agora ou nunca para a reforma da UE.

No que toca ao modelo híbrido da União, que a muitos mistifica, suscitando tanta desconcerto como admiração, as opiniões divergem: há quem advogue mais Europa, menos Europa, ou uma Europa q.b. A receita está inacabada, mas no pós-pandemia será impossível continuar a evitar a reestruturação político-institucional.  Internamente, há ainda que trabalhar na consolidação da integração social e enveredar esforços na luta contra a apatia sociopolítica, o descrédito nas instituições, o euroceticismo e os extremismos.

Mas a Europa não é apenas a União Europeia, e é nesta abrangência que devemos focar a nossa atenção: na geopolítica que a compõe, onde importa manter uma boa relação com os vizinhos, em especial, a Turquia e a Rússia. Mas desenganem-se: Uma vizinhança só é boa enquanto cada um respeita o quintal do outro.

Além-mares, longe vai o tempo em que a Europa era o centro do mundo, agora só o é quando são os europeus a ler o mapa: Há, por isso, que voltar a colocar a Europa no centro de outros mapas. E como? A sua liderança no campo da economia verde é uma opção. Mas a Europa não se pode esgotar enquanto potência económica, ou ficará à mercê de quem não ignorar questões de segurança.

Aqui deparamo-nos com outro desafio: como concertar uma relação económica com a China com os riscos que esta acarreta. Uma questão difícil, mas incontornável. E há ainda que alinhar a liderança no combate à crise climática com o retorno dos EUA à mesa da negociação.

É neste quadro que a União Europa se encontra hoje com as fragilidades expostas, com desafios internos e externos, que tornam urgente a sua reforma e obrigam à retirada de duras lições da pandemia: Os percalços no programa de vacinação mostram que a resiliência vem, não de soluções ad hoc, mas de preparação à priori. Por esse motivo, a EU considera hoje medidas mais extremas para fazer os seus parceiros cumprir a sua palavra. Uma aula de realismo num mundo demasiado sonhador.

No pós-pandemia, a Europa tem de ir além da paz e sobrevivência, tem de seguir uma missão de afirmação, poder e resiliência, e isso só se consegue através de uma liderança unida e forte que não adie nem ignore a nova realidade e os desafios que esta evidenciou, pois, fazê-lo é comprometer o futuro da União.

Sofia Florentino

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