Israel Campos | “O valor de servir as pessoas através da comunicação”

“Costumo dizer que não escolhi o jornalismo, mas que o jornalismo me escolheu,” confessa Israel Campos, natural de Luanda, Angola. Antes de abraçar este mundo, o sonho de criança era ser como o conceituado artista plástico angolano Álvaro Macieira e, mais tarde, apaixonou-se pela Medicina Veterinária.

Mas, graças a uma feliz coincidência, o jornalismo prevaleceu. E, anos mais tarde, Israel afirma: “o meu ‘eu’ criança continua surpreendido, tal como eu, hoje, com as surpresas que me vão ocorrendo na vida e com os tantos sonhos que me nascem todos os dias.”

A primeira surpresa surgiu aos 12 anos, quando foi convidado a falar sobre um conto que tinha escrito na Rádio Nacional de Angola (RNA), onde acabou por ficar durante quase uma década. “Aprendi desde cedo, como locutor infantil na RNA, o valor de servir as pessoas através da comunicação. Até hoje esta continua a ser a mesma motivação para o meu trabalho: utilizar as plataformas jornalísticas a que tenho acesso para contar as histórias silenciadas, diversificar o tipo de vozes com acesso ao espaço público e escrutinar a atuação dos distintos poderes que governam as nossas sociedades,” partilha o jornalista.

Este propósito levou-o ao mestrado em Comunicação Estratégica e Liderança, na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa.  Durante o curso, teve a oportunidade de participar na Lisbon Winter School, o que lhe despertou mais o interesse pela investigação científica, que vê como um “escape.”

“Na academia encontro um lugar para pensar e refletir profundamente sobre os assuntos que me interessam, com mais tempo, e provavelmente produzir algum conhecimento que seja útil para repensar as distintas dimensões das nossas sociedades,” explica. Com o objetivo de contribuir para a democratização, Israel focou o seu estudo na Católica no “papel do Facebook enquanto plataforma de comunicação dos movimentos sociais revolucionários e reformistas em Angola.”

Do mestrado, um dos programas mais conceituados da Europa, destaca ainda o papel da orientadora Naíde Müller e da professora de jornalismo Jessica Roberts para a “memorável experiência” na Universidade Católica.

O caminho até agora tem sido repleto de distinções, como o Prémio da União Europeia de "Melhor Narrativa sobre o Clima" e mais recentemente a 2.ª edição do Prémio de Literatura Imprensa Nacional-Casa da Moeda/Angola em 2024, com a obra Baloiço de Memória, e conquistas, como a publicação do romance de estreia, E o Céu Mudou de Cor, em 2023. Mas entre todas, destaca o Prémio Liberdade de Imprensa de 2024, do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, pela reportagem “As Viúvas da Seca de Angola”, publicada na Voz da América.

“Este prémio, que dediquei a todos os jovens jornalistas angolanos com o interesse no jornalismo como serviço de utilidade pública, reforçou a minha crença na importância do jornalismo como agente defensor dos assuntos de interesse público, bem como na sua importância para a consolidação do exercício democrático, promovendo a pluralização das vozes intervenientes do espaço público.”

Enquanto membro do grupo de reflexão presidencial de Portugal, deseja “que aos jovens em Portugal — tanto os portugueses quanto aqueles que chegam de diferentes partes do mundo para contribuir diariamente para o país — sejam dadas as oportunidades necessárias para sua formação para que possam dar o seu valioso contributo à sociedade.”

Findo o mestrado na Católica e já a frequentar o doutoramento na Universidade de Leeds, afirma: “pretendo utilizar a minha experiência profissional, como jornalista, e o meu interesse pela academia para dar um contributo útil aos processos de democratização e defesa dos direitos humanos em África e no mundo.”

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