Católica inicia novo ano letivo com a missão renovada de formar “empreendedores de sonhos”
“Que utilidade tem a educação superior em tempo de guerra? Como pode a universidade cumprir uma missão de esclarecimento e aspiração em tempos tão conturbados como os que vivemos?” Foi com esta reflexão que a Reitora da Universidade Católica Portuguesa (UCP) iniciou a Cerimónia Nacional de Abertura do Ano Letivo e de Entrega de Diplomas, no dia 18 de outubro.
Num evento que reuniu a comunidade académica na celebração dos recém-graduados e no acolhimento aos novos estudantes, Isabel Capeloa Gil destacou “o papel da universidade num mundo em guerra, repudiando, sem condições, o bárbaro ataque terrorista do Hamas a civis em Israel” e expressou “a enorme preocupação face às condições tremendas do cerco de Gaza e a perda colossal de vidas humanas daí decorrente”.
Para a Reitora da UCP, os problemas de hoje “exigem a ação de múltiplos protagonistas, pluralismo, diálogo, compromisso e sobretudo pensamento em profundidade”. Uma missão da qual uma instituição universitária não pode alhear-se, defendeu Isabel Capeloa Gil.
“Para formarmos empreendedores de sonhos, como os que hoje recebem o seu diploma, a universidade tem de promover uma preocupação profunda com a razão de ser das coisas, o contexto em que se manifestam e o seu impacto”, afirmou, acrescentando: “A universidade é a casa de todos os saberes do mundo, de todas as suas memórias, de todas as suas vozes. E é isso que a torna tão irrequieta e tão profundamente universal.”
Além desta reflexão, a Reitora destacou também várias conquistas e projetos para o futuro da Universidade, entre os quais, a Cátedra Economia de Francisco e Clara, o desenvolvimento do novo Campus Veritati, e a criação do 1.º Laboratório Sino-português de Ciências Marinhas e Ambientais.
Isabel Capeloa Gil deixou ainda uma palavra de “parabéns à comunidade académica e científica da Universidade Católica pelo comprometimento, pela ambição e pelo desempenho”. Aos docentes de carreira, que receberam pela primeira vez as Medalhas de Mérito por 25 e 40 anos de serviço, agradeceu “a dedicação e o contributo para a construção da nossa universidade que é grande, porque é feita de grandes pessoas”.
Já Paulo Portas, alumnus da Escola de Lisboa da Faculdade de Direito, partilhou que “a Católica não se esquece” e deixou vários conselhos aos jovens presentes. “Aproveitai do digital o que tem de luminoso e ganhai alguma distância do que tem de perigoso. Googlar não é estudar, um tweet não é uma licenciatura, um post não é um doutoramento, uma sociedade de influencers não é uma comunidade de sábios”, começou por referir. “A mochila de conhecimento que levais daqui dai-vos uma grande responsabilidade: a de não aceitar a destruição do conhecimento e a de promover uma cultura de exigência e qualidade nos debates do espaço público hoje e amanhã”.
Também presente na cerimónia esteve Aníbal Cavaco Silva, que entregou o Prémio Democracia e Desenvolvimento, instituído pelo próprio em 1995, a duas alunas da Católica Lisbon School of Business and Economics. Ao expressar a satisfação em regressar à Universidade Católica, onde foi professor, comentou que acompanha “sempre com muito interesse a sua aposta na qualidade, na excelência, na difusão dos valores que a informam e o prestígio nacional e internacional que tem vindo a conquistar”.
Nesta ocasião, foram também entregues os Prémios UCP/Caixa Geral de Depósitos aos estudantes com as melhores notas de cada licenciatura, por João Guilherme.
Naquela que foi a sua primeira sessão oficial como Magno Chanceler da UCP, o Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério encerrou a cerimónia com uma oração e palavras de congratulação a toda a comunidade académica. “Felicito e congratulo, porque é uma instituição onde está institucionalizada a obrigatoriedade do ‘eu’ se abrir ao ‘todo’. A Católica é verdadeiramente um laboratório de valores, de ética, mas sobretudo de humanidade”, afirmou.