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#4 Reinventando os 1440 minutos que cada dia nos oferece

Entrámos no novo ano ensombrados pela experiência de países longínquos onde as experiências de confinamento social se mostravam já necessárias. Talvez nem nos nossos sonhos difíceis antecipássemos, nessa altura, que estes dias chegariam para nós. Hoje, os dedos de uma mão chegam ainda para contarmos as semanas em que vivemos esta estranha forma de vida. Não sabemos, porém, se todos os dedos chegarão para a contagem final.

Todos nós, neste cenário, sentimos que perdemos alguma coisa. Desde a perceção de segurança às nossas rotinas, das nossas relações à capacidade financeira, dos nossos empregos à nossa saúde, da perceção de incontrolabilidade no cuidar dos nossos mais velhos ou mais frágeis… são inúmeras as perdas com que nos confrontamos. E, sabemo-lo, perdas e faltas são as grandes fontes do sofrimento humano.

Não foi assim que nascemos, não foi assim que crescemos, não é assim que desejamos viver. Isolados de um Mundo que nos estimula e simultaneamente inquieta, isolados daqueles que queremos abraçar, vivemos por ora confinados a 1440 minutos diários entre as nossas paredes, porventura alargadas ao sol de uma varanda ou a uns breves e contidos passos nas ruas que nos circundam.

Cada um de nós a quem é pedido que fique em casa, experimenta que - numa panóplia de tons que configuram as diversidades da experiência humana e das experiências familiares - vivemos dias difíceis. Muito mais do que sobreviver, importa que proactivamente procuremos cuidar destes nossos 1440 minutos diários, dos nossos pensamentos e das nossas emoções, da nossa saúde, dos nossos projetos, das nossas relações, das histórias que queremos contar.

Sim, temos tempo para o fazer. Não aspiremos a viver dias perfeitos. Não nos zanguemos se não fizermos uma hora diária de exercício físico. Não nos frustremos se não visitarmos diariamente um museu sublime ou devorarmos com alegria as 300 páginas de um belíssimo livro. Não serão possíveis muitas coisas com que sonhámos… Mas sim, temos tempo para nos cuidar. E, este tempo que temos, exige que cuidemos realmente de nós. E dos outros.

Escrevia Tom Andersen (1936-2007), distinto Professor de Psiquiatria Social na Universidade De Tromso (Noruega) que as palavras não são inocentes. Nas narrativas que construímos – e, nestes dias, de modo particular - as palavras que escolhemos influenciam os significados a que chegaremos. Com essa consciência, partilho algumas pistas de reflexão e de ação – numa ordem que poderia ser outra - num pequeno contributo apontando para a nossa construção de dias significativos:

  1. Permanecer em casa não tem que ser apenas um constrangimento. Pode ser, em liberdade, a nossa melhor escolha face à ameaça atual. Mais, podemos escolher viver duma forma consciente e construtiva esta situação.
  2. A perceção da perda, a preocupação, a incerteza, o aborrecimento, a ansiedade, a tristeza, a apatia, a irritação, são experiências normativas e muito ajustadas ao que estamos a viver. Perante emoções como estas, aceitemo-las como parte da situação permanecendo, contudo, vigilantes ao nosso bem-estar e disponíveis para nos adaptarmos e nos protegermos.
  3. Na experiência das inúmeras perdas, não há problema em sentirmos a falta daquilo que estamos a perder. Na verdade, importa fazer o luto daquilo que “já não é” ou que “não será”, virarmo-nos para dentro e recalibrar o nosso olhar – “O mundo mudou e eu quero adaptar-me”.
  4. Guardemos alguns minutos do nosso dia para fazer algo de que efetivamente gostamos. E guardemos tempo para pequenas ou grandes atividades que não podíamos fazer quando a vida nos pedia outras coisas.
  5. Nenhum de nós viveu algo semelhante ao que vivemos hoje, mas já todos enfrentámos situações desafiantes. Poderemos dar-nos conta do que fizemos no passado para lidar com as perdas? Como é que as ultrapassámos e cuidámos de nós e dos nossos? Poderemos repetir o que anteriormente correu bem?
  6. Se o suporte social é sempre importante, sublinha-se a sua relevância em tempos de isolamento. Telefonemas, mensagens, videochamadas, festas partilhadas à distância…momentos de verdadeiro encontro que podemos sempre reinventar… sejamos criativos e cuidemos dos nós e dos laços que nos importam.
  7. Na impossibilidade real de controlarmos o mundo à nossa volta (impossibilidade que é de sempre e que sempre continuará), queiramos viver bem cada momento presente. Concentrados no aqui e agora, podemos escolher a dedicação atenta a cada uma das nossas tarefas – trabalhar, estudar, ver um filme, cozinhar, regar as plantas, telefonar, brincar com o filho ou o irmão que pede a nossa atenção.
  8. Não deixemos que os nossos medos e preocupações tomem conta de nós. Reconheçamos a sua inevitabilidade e cuidemos de os partilhar, de comunicar aos outros o nosso mundo, deixando também tempo e espaço para que outros nos comuniquem o seu.
  9. Uma vez passados os piores momentos desta crise, a maioria de nós será capaz de seguir em frente com as suas vidas e voltará a um estado de percebida normalidade. Embora muito vá mudar para todos depois desta experiência, a experiência de luto é também ela transitória. Alguns de nós necessitarão de apoio na recuperação. Também nesse momento, seremos diferentes uns dos outros. E esta diferença sempre será das maiores riquezas da nossa humanidade.
  10. Queiramos ir ao encontro daqueles que passam travessias mais dolorosas. No meio do escuro, podemos escolher ser a luz que apazigua algum sofrimento ou cria condições de readaptação a novas realidades.
  11. E todos os dias, enquanto há Vida…procuremos alimentar a esperança e a possibilidade de um futuro melhor. Construamos – para nós e para os outros - cenários que vão para além das possibilidades atuais e nos quais (re)encontramos significado e propósito.

 

Honor your own hope | Bring it forth in your life |So when the road is difficult |And the river wide |We recall that life is good and |Know it can be so again. (Jevne, R., 2005)

Susana Ramalho, Professora Auxiliar, Psicologia na FCH e Psicóloga Clínica, Colaboradora do Instituto de Ciências da Família, FCH

Categorias: Faculdade de Ciências Humanas

Sexta, 17/04/2020

Fernando Ilharco: "Confiança e comunicar confiança"

Um dos factores que geram confiança é a própria confiança. Outro aspecto é o actuar com confiança. Mesmo sem confiança, agindo como se tivesse confiança, a confiança tende a aumentar, em nós mesmos e nos outros.

Ler artigo completo aqui.

Nota: Este artigo faz parte da versão exclusiva para assinantes do Jornal de Negócios.

Fernando Ilharco: "Um tempo surreal"

Nas ruas, esplanadas e praias deste Verão tudo é diferente do habitual. Mesmo o ruído de fundo é outro. Não se ouve mais o alvoroço da globalização, a agitação das massas, as rodinhas das malas de viagem, os motores dos Tuc Tuc, o vaivém constante das trotinetes, as conversas sem fim ao telemóvel, as vozes que não se calam, em inglês, espanhol, chinês, italiano e em muitas outras línguas da Babel mundial.

Se o ruído nos impõe a força do presente, o silêncio deixa-nos parados no tempo, suspensos do ritmo do mundo. Lá fora não se vê nem se ouve o que se esperaria. São tempos únicos, algo artificiais, intrigantes e perigosos.

Ler artigo completo aqui.

Nota: Este artigo faz parte da versão exclusiva para assinantes do Jornal de Negócios.

Fernando Ilharco: "Não pensar muda o mundo"

Pensar muda o mundo, escreveu o filósofo alemão Martin Heidegger. Mas não pensar também muda. E pensar mal muda na mesma. A acção, as decisões boas ou más, as suas consequências não intencionais, os resultados planeados ou não, tudo isso é parte da evolução, lenta ou rápida, sempre em curso. É a acção, intencional e criadora de significado, e não o pensamento, que muda o mundo, defendeu I-Iannah Arendt, a pensadora naturalizada norte-americana.

São as ideias dos homens feitas acção que mudam a realidade. Abrem possibilidades, surpreendem a sociedade, revolucionam os mercados. Quando a mudança ganha força, não são as melhores ideias que triunfam, nem a melhor análise que se impõe.

Ler artigo completo aqui.

Nota: Este artigo faz parte da versão exclusiva para assinantes do Jornal de Negócios.

Investigadora do CECC publica ensaio na revista Diacrítica

A investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura (CECC), Prof.ª Doutora Adriana Martins, desenvolveu o ensaio com o título "Quando o arquivo vomita Salazar. Representações da mulher no cinema português contemporâneo". Subordinada ao tema "WOMANART - Mulheres, Artes e Ditadura: Os casos de Portugal, Brasil e Países Africanos de Língua Portuguesa", o ensaio discute algumas representações fílmicas da mulher portuguesa do Estado Novo, a partir de uma seleção de filmes de realizadoras portuguesas contemporâneas que lançam mão de memórias públicas e privadas e de diferentes materiais de arquivo para questionar a representação pública da ditadura.

A publicação, inserida no volume 34, número 2, da revista Diacrítica, publicada pela Universidade do Minho, pode ser consultada aqui.

Categorias: Centro de Estudos de Comunicação e Cultura

Quarta, 26/08/2020

Nuno Goulart Brandão: "Reformulação das metodologias de ensino"

Com quase 13 anos de experiência, a Escola de Pós-Graduação e Formação Avançada (EPGFA) da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa reúne a formação avançada para executivos, as pós-graduações, as formações à medida e os serviços de consultoria, actuando em diferentes áreas como a Comunicação Estratégica e Cultura Organizacional, Marketing de Conteúdos, Comunicação e Transformação Digital, Comunicação de Crise, Psicologia e Gestão de Pessoas, Filosofia, Economia e Empreendedorismo Social, Educação e Formação e Arte e Cultura.

Após um ano à frente da EPGFA, Nuno Goulart Brandão, coordenador da escola, faz um balanço claramente positivo deste período que permitiu «concretizar um objectivo muito importante na afirmação, na diferenciação e no desenvolvimento da escola», com uma abordagem inovadora e com a garantia de mais-valias significativas no campo académico e no desenvolvimento profissional dos formandos.

Este ano, «aumentámos a nossa oferta formativa em diversas áreas, onde sentíamos existir uma procura crescente e que se confirmava haver uma lacuna no mercado, e verificámos também um crescimento superior a 50% no número de alunos a frequentar os nossos programas» de pós-graduação e formação avançada. Com o objectivo de reformular as suas metodologias de ensino em contexto de pandemia, a oferta formativa da EPGFA para o ano lectivo 2020-2021, combina já programas leccionados em regime presencial com programas leccionados no modelo de ensino à distância. 

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Rita Figueiras: "Desafios da Geração Z"

Rita Figueiras, professora da Universidade Católica Portuguesa (UCP) e investigadora na área da comunicação, em entrevista à Ecclesia, destacou que são os contextos que "dão sentido e significado à tecnologia", falando do seu impacto na chamada "Geração Z", sem memória do pré-internet.

"Cresceram num ambiente em que o digital e todas as tecnologias potenciam a interação, em escala mais reduzida -, de um para um -, de um para muitos e de muitos para muitos, em simultâneo. São tecnologias mais envolventes e reclamam mais de cada um", assinala a entrevistada na edição de hoje nas Conversas Originais, um projecto da Agência ECCLESIA que decorre ao longo do mês de setembro.

Segundo a especialista, os atores deste processo são tanto os jovens como as empresas digitais, que limitam possibilidades de comunicação pela arquitectura das plataformas. 

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X Lisbon Summer School da FCH-Católica debate ecocultura no futuro pós-pandemia

A Lisbon Summer School for the Study of Culture, uma iniciativa do Lisbon Consortium da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, está de regresso entre os dias 6 e 11 de julho. 

A edição deste ano de 2020 será dedicada ao tema “Ecoculture” e decorrerá, pela primeira vez, em formato online devido à pandemia do COVID-19.

“O tema não podia ser mais pertinente. Numa altura em que se debate os efeitos da pandemia de COVID-10 sobre o meio ambiente, a Summer School será dedicada à reflexão sobre a inter-relação entre cultura e meio ambiente, examinando a crescente consciência do impacto negativo das atividades humanas. Mais do que nunca importa discutir a necessidade de repensar, reconceptualizar e redefinir a relação entre humanos e o mundo não humano” afirma Diana Gonçalves, Diretora Académica do Lisbon Consortium e Coordenadora do Mestrado em Estudos de Cultura.

Os oradores que estarão presentes, destaca-se Lawrence Buell, prestigiado académico da área da literatura americana e da ecocrítica da Harvard University e autor de obras seminais como Literature and Environment (2011), The Future of Environmental in Criticism (2005) e Writing for an Endangered World: Literature, Culture and Environment in the United States and Beyond (2001), Buell trará uma reflexão sobre uma escocultura pós-pandemica.

Ariel Salleh abrirá a Summer School com uma palestra sobre ecofeminismo, uma das suas áreas de investigação, Viriato Soromenho-Marques sobre valores sociais no presente momento de crise ambiental, e ainda, Vera Mantero que mostrará a sua obra “O Limpo e o Sujo”.

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O excesso de ruído nos debates ainda rende?

Aí estão os debates das presidenciais, dois a três por dia, em vários canais que, entretanto, se desdobram em debates sobre os debates. Tem havido debates para todos os gostos, mais agrestes e mais suaves, mel e fel escorrem no ecrã. Quanto mais me debates mais gosto de ti?

Esta emissão do magazine dos domingos (gravada na teve um convidado especial, o jornalista free-lancer André Cunha, cuja pegada está associada a muitos momentos luminosos da história desta Rádio.

Ele e a comentadora residente Rita Figueiras, professora de Ciências da Comunicação e de Comunicação Política da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa reflectem sobre o que fica dos vários confrontos, entre forma e fundo. Marcelo dizendo a Ventura: "A minha direita é a social, a sua é a do medo". E Ventura exibindo a foto de Marcelo com moradores do bairro da Jamaica aos quais chamou "bandidos". Marcelo, em resposta: "Não divido os portugueses em puros e impuros".

Tiago Mayan Gonçalves chamando ao actual presidente "ministro da propaganda do governo"; Ventura atropelando João Ferreira num debate que a moderadora considerou "em roda livre".

O excesso de ruído ainda rende? No debate com André Ventura, Tino de Rans levou pedras do mar. Pedras de várias cores que ele próprio recolheu na praia. Não as arremessou, usou-as como metáfora para lembrar que "o mar não traz só pedras, também traz pessoas de todas as cores. E há muita gente que vem por esse mar à procura de um terreno firme. Mas há quem os receba criando muros".

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#4 Reinventando os 1440 minutos que cada dia nos oferece

Entrámos no novo ano ensombrados pela experiência de países longínquos onde as experiências de confinamento social se mostravam já necessárias. Talvez nem nos nossos sonhos difíceis antecipássemos, nessa altura, que estes dias chegariam para nós. Hoje, os dedos de uma mão chegam ainda para contarmos as semanas em que vivemos esta estranha forma de vida. Não sabemos, porém, se todos os dedos chegarão para a contagem final.

Todos nós, neste cenário, sentimos que perdemos alguma coisa. Desde a perceção de segurança às nossas rotinas, das nossas relações à capacidade financeira, dos nossos empregos à nossa saúde, da perceção de incontrolabilidade no cuidar dos nossos mais velhos ou mais frágeis… são inúmeras as perdas com que nos confrontamos. E, sabemo-lo, perdas e faltas são as grandes fontes do sofrimento humano.

Não foi assim que nascemos, não foi assim que crescemos, não é assim que desejamos viver. Isolados de um Mundo que nos estimula e simultaneamente inquieta, isolados daqueles que queremos abraçar, vivemos por ora confinados a 1440 minutos diários entre as nossas paredes, porventura alargadas ao sol de uma varanda ou a uns breves e contidos passos nas ruas que nos circundam.

Cada um de nós a quem é pedido que fique em casa, experimenta que - numa panóplia de tons que configuram as diversidades da experiência humana e das experiências familiares - vivemos dias difíceis. Muito mais do que sobreviver, importa que proactivamente procuremos cuidar destes nossos 1440 minutos diários, dos nossos pensamentos e das nossas emoções, da nossa saúde, dos nossos projetos, das nossas relações, das histórias que queremos contar.

Sim, temos tempo para o fazer. Não aspiremos a viver dias perfeitos. Não nos zanguemos se não fizermos uma hora diária de exercício físico. Não nos frustremos se não visitarmos diariamente um museu sublime ou devorarmos com alegria as 300 páginas de um belíssimo livro. Não serão possíveis muitas coisas com que sonhámos… Mas sim, temos tempo para nos cuidar. E, este tempo que temos, exige que cuidemos realmente de nós. E dos outros.

Escrevia Tom Andersen (1936-2007), distinto Professor de Psiquiatria Social na Universidade De Tromso (Noruega) que as palavras não são inocentes. Nas narrativas que construímos – e, nestes dias, de modo particular - as palavras que escolhemos influenciam os significados a que chegaremos. Com essa consciência, partilho algumas pistas de reflexão e de ação – numa ordem que poderia ser outra - num pequeno contributo apontando para a nossa construção de dias significativos:

  1. Permanecer em casa não tem que ser apenas um constrangimento. Pode ser, em liberdade, a nossa melhor escolha face à ameaça atual. Mais, podemos escolher viver duma forma consciente e construtiva esta situação.
  2. A perceção da perda, a preocupação, a incerteza, o aborrecimento, a ansiedade, a tristeza, a apatia, a irritação, são experiências normativas e muito ajustadas ao que estamos a viver. Perante emoções como estas, aceitemo-las como parte da situação permanecendo, contudo, vigilantes ao nosso bem-estar e disponíveis para nos adaptarmos e nos protegermos.
  3. Na experiência das inúmeras perdas, não há problema em sentirmos a falta daquilo que estamos a perder. Na verdade, importa fazer o luto daquilo que “já não é” ou que “não será”, virarmo-nos para dentro e recalibrar o nosso olhar – “O mundo mudou e eu quero adaptar-me”.
  4. Guardemos alguns minutos do nosso dia para fazer algo de que efetivamente gostamos. E guardemos tempo para pequenas ou grandes atividades que não podíamos fazer quando a vida nos pedia outras coisas.
  5. Nenhum de nós viveu algo semelhante ao que vivemos hoje, mas já todos enfrentámos situações desafiantes. Poderemos dar-nos conta do que fizemos no passado para lidar com as perdas? Como é que as ultrapassámos e cuidámos de nós e dos nossos? Poderemos repetir o que anteriormente correu bem?
  6. Se o suporte social é sempre importante, sublinha-se a sua relevância em tempos de isolamento. Telefonemas, mensagens, videochamadas, festas partilhadas à distância…momentos de verdadeiro encontro que podemos sempre reinventar… sejamos criativos e cuidemos dos nós e dos laços que nos importam.
  7. Na impossibilidade real de controlarmos o mundo à nossa volta (impossibilidade que é de sempre e que sempre continuará), queiramos viver bem cada momento presente. Concentrados no aqui e agora, podemos escolher a dedicação atenta a cada uma das nossas tarefas – trabalhar, estudar, ver um filme, cozinhar, regar as plantas, telefonar, brincar com o filho ou o irmão que pede a nossa atenção.
  8. Não deixemos que os nossos medos e preocupações tomem conta de nós. Reconheçamos a sua inevitabilidade e cuidemos de os partilhar, de comunicar aos outros o nosso mundo, deixando também tempo e espaço para que outros nos comuniquem o seu.
  9. Uma vez passados os piores momentos desta crise, a maioria de nós será capaz de seguir em frente com as suas vidas e voltará a um estado de percebida normalidade. Embora muito vá mudar para todos depois desta experiência, a experiência de luto é também ela transitória. Alguns de nós necessitarão de apoio na recuperação. Também nesse momento, seremos diferentes uns dos outros. E esta diferença sempre será das maiores riquezas da nossa humanidade.
  10. Queiramos ir ao encontro daqueles que passam travessias mais dolorosas. No meio do escuro, podemos escolher ser a luz que apazigua algum sofrimento ou cria condições de readaptação a novas realidades.
  11. E todos os dias, enquanto há Vida…procuremos alimentar a esperança e a possibilidade de um futuro melhor. Construamos – para nós e para os outros - cenários que vão para além das possibilidades atuais e nos quais (re)encontramos significado e propósito.

 

Honor your own hope | Bring it forth in your life |So when the road is difficult |And the river wide |We recall that life is good and |Know it can be so again. (Jevne, R., 2005)

Susana Ramalho, Professora Auxiliar, Psicologia na FCH e Psicóloga Clínica, Colaboradora do Instituto de Ciências da Família, FCH

Categorias: Faculdade de Ciências Humanas

Sexta, 17/04/2020

Fernando Ilharco: "Confiança e comunicar confiança"

Um dos factores que geram confiança é a própria confiança. Outro aspecto é o actuar com confiança. Mesmo sem confiança, agindo como se tivesse confiança, a confiança tende a aumentar, em nós mesmos e nos outros.

Ler artigo completo aqui.

Nota: Este artigo faz parte da versão exclusiva para assinantes do Jornal de Negócios.

Fernando Ilharco: "Um tempo surreal"

Nas ruas, esplanadas e praias deste Verão tudo é diferente do habitual. Mesmo o ruído de fundo é outro. Não se ouve mais o alvoroço da globalização, a agitação das massas, as rodinhas das malas de viagem, os motores dos Tuc Tuc, o vaivém constante das trotinetes, as conversas sem fim ao telemóvel, as vozes que não se calam, em inglês, espanhol, chinês, italiano e em muitas outras línguas da Babel mundial.

Se o ruído nos impõe a força do presente, o silêncio deixa-nos parados no tempo, suspensos do ritmo do mundo. Lá fora não se vê nem se ouve o que se esperaria. São tempos únicos, algo artificiais, intrigantes e perigosos.

Ler artigo completo aqui.

Nota: Este artigo faz parte da versão exclusiva para assinantes do Jornal de Negócios.

Fernando Ilharco: "Não pensar muda o mundo"

Pensar muda o mundo, escreveu o filósofo alemão Martin Heidegger. Mas não pensar também muda. E pensar mal muda na mesma. A acção, as decisões boas ou más, as suas consequências não intencionais, os resultados planeados ou não, tudo isso é parte da evolução, lenta ou rápida, sempre em curso. É a acção, intencional e criadora de significado, e não o pensamento, que muda o mundo, defendeu I-Iannah Arendt, a pensadora naturalizada norte-americana.

São as ideias dos homens feitas acção que mudam a realidade. Abrem possibilidades, surpreendem a sociedade, revolucionam os mercados. Quando a mudança ganha força, não são as melhores ideias que triunfam, nem a melhor análise que se impõe.

Ler artigo completo aqui.

Nota: Este artigo faz parte da versão exclusiva para assinantes do Jornal de Negócios.