Estudar Teologia pode “beneficiar as gerações futuras”: o testemunho de Luís, Amada e Paulo
Amada e Paulo estão no primeiro ano da Licenciatura em Teologia da Universidade Católica Portuguesa. Ambos escolheram a vida religiosa, e veem o curso como uma “oportunidade para aprofundar a fé”, mas explicam que a Teologia “não é só para as pessoas cristãs ou para quem quer ser padre”.
Luís é a prova disso. O finalista, inicialmente formado em música, sonha em ser professor e investigador para “aprofundar o diálogo do cristianismo com a cultura contemporânea”. Aos colegas que acabaram de chegar, deixa dois conselhos: “estudem muito e amem aquilo que estudam”.
Os três estudantes estão em Lisboa, mas têm colegas no Porto e em Braga – e até noutros locais, através da vertente de ensino à distância do curso. Neste início de ano letivo, começam a descobrir como funciona a Faculdade de Teologia. Fundada em 1968, já formou pessoas como o Cardeal D. Tolentino de Mendonça, o Padre João Seabra ou o Cardeal-Patriarca de Lisboa D. Manuel Clemente.
Para Paulo Domingos, de 24 anos, estudar Teologia irá “permitir ter uma bagagem sólida sobre a fé, sobre a religião e a religiosidade”. Acredita que é um curso para aqueles que “querem conhecer melhor a religião e os fenómenos religiosos”.
O jovem angolano é seminarista no Seminário Maior de São Paulo de Almada. Escolheu este caminho, inspirado pela adolescência passada numa instituição religiosa. “Senti-me cativado ao ver como os padres cuidavam das pessoas”, explica.
Já Amada Deolindo, de 26 anos, faz parte das irmãs hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, na comunidade da Luz em Telheiras. Está em Lisboa desde novembro do ano passado e veio de Moçambique para concretizar o seu desejo de ajudar o próximo.
“Desde a minha infância, quando vi um grupo de irmãs pela primeira vez que disse, naquela inocência, que queria ser como elas”, conta a estudante. “A missão com a qual eu tinha mais contacto era com as crianças com deficiência mental, e aí pensei: nunca somos tão pobres que não tenhamos nada para dar”.
Aquilo que Amada quer fazer é exatamente o que propõe Luís aos seus colegas: “tenham os olhos abertos perante a realidade. A partir daquilo que estão a estudar, projetem para aquilo que é a nossa realidade”, aconselha. O também professor de Educação Moral e Religiosa Católica explica que estudar apenas “não funciona”, acrescentando que “é como um escritor escrever um livro para si próprio”.
Com 29 anos, Luís Sequeira já percorreu cinco anos de estudo na Faculdade de Teologia. Para o estudante, “a Teologia não pode viver sozinha, sem a Filosofia, sem a Economia, sem a Política, sem o Direito, sem as Artes…”. Defende que o estudo da Teologia pode “beneficiar as gerações futuras”, e que o papel do teólogo é “avisar, profetizar, chamar à atenção sobre a realidade”.
“Há um professor meu que dava um exemplo muito engraçado: o teólogo é como um homem que limpa a porcaria que está à beira-rio, limpa o lixo para que o rio possa continuar a correr. Essa é a imagem do teólogo, é aquele que vai limpando aquilo que não interessa, para que o rio continue a correr.”