"Dia de Portugal - celebrar Camões e as Comunidades Portuguesas sob o signo da diplomacia" por Francisco Pinto Mouraz

"O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que se comemora a 10 de junho, data da morte de Luís Vaz de Camões, é um momento de celebração e homenagem a Portugal, à cultura lusófona, à língua portuguesa e, acima de tudo, aos portugueses, que levam consigo a Pátria pelo mundo fora.

Em 2024 assinalam-se os 500 anos de Camões, poeta maior da língua portuguesa, que n’ Os Lusíadas cantava o “peito ilustre lusitano”, mitificando os feitos de um herói coletivo: o povo português. Atualmente, partimos desta premissa para afirmar a nossa herança cultural além-fronteiras, partilhando com as comunidades lusófonas os valores que nos unem e o caminho, por vezes complexo, que traçámos em conjunto.

Por esse motivo, o 10 de junho é hoje uma data em que celebramos não só a universalidade da nossa língua e cultura, que se alicerça na mundivisão camoniana, mas também uma efeméride em que lembramos a nossa história, reconhecendo o papel inestimável das comunidades lusófonas, binacionais e lusodescendentes, em toda a sua riqueza e diversidade.

Como diplomata, o Dia de Portugal é uma data particularmente simbólica por força da dupla condição de expatriado e de representante do Estado português. No primeiro caso, é um momento especial em que se manifesta publicamente as várias dimensões da identidade portuguesa e se partilha essa experiência com as comunidades. No segundo caso, pelo orgulho que constitui representar Portugal e servir aquelas mesmas comunidades, cujo empenho e trabalho são o esteio do serviço diplomático. É, por isso, em simultâneo, uma experiência extremamente enriquecedora e uma responsabilidade institucional relevante.


Segundo a Convenção de Viena sobre as Relações Diplomáticas, são cinco as funções de uma Missão Diplomática: representar, proteger, negociar, informar e promover. A abrangência e a complexidade de cada uma delas exige que os diplomatas tenham competências diversas, nomeadamente comunicar eficazmente, articular os interesses e as políticas do seu país, compreender e respeitar o país anfitrião ou a missão multilateral onde se está destacado, bem como criar relações pessoais que permitam levar a cabo a sua missão dentro das linhas mestras definidas pelo Governo. É importante ter uma sensibilidade estratégica apurada que permita a antecipação e mitigação de conflitos, bem como a identificação de oportunidades e soluções criativas para os desafios que se apresentam em cada cenário. Acima de tudo, é fundamental cultivar uma mentalidade aberta e flexível, que permita uma adaptação bem-sucedida às exigências dos diferentes contextos internacionais.


Posso afirmar que desenvolvi várias destas competências nas salas do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa (UCP), e que foi ali que despontou o meu interesse pela diplomacia e pelas relações internacionais. Contudo, mais do que ter competência ou interesse, ser um bom diplomata requer integridade, ética e um compromisso inabalável com os valores democráticos e os direitos humanos. Esses valores só surgem numa cultura que fomenta a liberdade, que defende a justiça, que promove a tolerância e que reconhece a diversidade, algo que tive o privilégio de vivenciar na UCP. Essa cultura é, sem dúvida, o aspeto central que hoje norteia o exercício das minhas funções.


Para quem deseja seguir o caminho da diplomacia, o Dia de Portugal é uma efeméride importante para lembrar e procurar inspiração no papel crucial que os diplomatas desempenham na promoção e defesa dos interesses de Portugal e das comunidades portuguesas, bem como na construção de um mundo mais justo e equitativo. Camões decerto lhe atribuiria o epíteto de “obra valerosa”, pelo que não haverá melhor altura para a celebrarmos."

 

Francisco Pinto Mouraz
Conselheiro Político na Embaixada de Portugal em Angola

 

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