Católica lança livro "O Catolicismo, Portugal e a Europa, Uma relação criativa" | “uma voz profética num tempo de superficialidade”

“Os textos aqui reunidos são escritos por um historiador que se tornou teólogo, que procurou uma leitura da história em chave teológica, estão além disso marcados por uma preocupação pastoral”, foi assim que Manuel Braga da Cruz, editor da obra "O Catolicismo, Portugal e a Europa, Uma relação criativa", a descreveu no lançamento que decorreu ontem, no Auditório Cardeal Medeiros, sede da UCP.

O livro que reúne textos da autoria de D. Manuel Clemente, Magno Chanceler da Universidade Católica Portuguesa, selecionados por Manuel Braga da Cruz, com introdução do mesmo, e comentários por António Araújo e Rui Ramos, é o resultado de mais um projeto conjunto da Universidade Católica Editora com a Fundação Amélia de Mello.

Para o editor, que agradeceu à Reitora da UCP o convite de editar a obra, a sua publicação vem “em boa hora”, e a sua leitura “é imprescindível para compreender a relação da religião com os tempos modernos e para refletir sobre os novos caminhos e meios de evangelização”.

Para Isabel Capeloa Gil, Reitora da Universidade Católica Portuguesa, o livro “acompanha um percurso de pensamento estruturado em torno do cristianismo enquanto pedra angular do devir histórico na Europa e da sua relação com o desenvolvimento do Portugal moderno e contemporâneo.”

Agradecendo a todos os que aceitaram este desafio e em especial, à Fundação Amélia de Mello pelo apoio ao projeto editorial, afirmou: “estudar o acontecimento que Portugal é, tem sido a vocação secular de D. Manuel Clemente que a concilia com a sua missão de pastor da Igreja de Lisboa: é uma voz profética num tempo de superficialidade”, convidando à sua leitura.

Vasco de Mello, Presidente da Fundação Amélia de Mello, saudou os presentes, declarando que “é com muita honra que participo nesta iniciativa” que ao “dar pública evidência à forma sistemática de pensamento do Sr. D. Manuel Clemente”, homenageia “o percurso de uma personalidade marcante dos nossos dias”.

Para apresentar a obra, José Manuel Durão Barroso começou com uma expressão do autor: “se o catolicismo marcou Portugal, também o catolicismo entre nós ficou marcado pela Portugalidade”, descrevendo a relação entre Portugal e a Igreja Católica como “especialíssima”. O orador resumiu o pensamento de D. Manuel Clemente numa citação: “só quem esqueceu o que erámos antes pode achar que é pouco o que temos agora”, e afirmou que “é a sabedoria do historiador, o conhecimento do tempo longo”, que lhe confere este sentido de perspetiva.

A segunda parte do evento foi marcada por uma conversa entre D. Manuel Clemente e António Araújo, moderada por Maria José Avillez. Respondendo à questão da moderadora se “perdura ainda hoje na Igreja Portuguesa a ideia ou convicção de que Portugal tem uma missão?” o Cardeal Patriarca afirmou que “que crê que sim”, recordando a sua expressão de que “fomos sempre um caís, quer de chegada, quer de partida”, e que “esta transfronteiriça qualidade que nos faz, também nos define”, “transporta-nos para o futuro. Não está aqui o resíduo de um passado, está aqui uma promessa de continuidade”. O autor reiterou: a marca portuguesa “não está aqui em missa de defunto, está aqui em batizado”.

Na sua intervenção António Araújo reforçou a importância do papel da cultura neste contexto, afirmando que a “descoberta do nosso fundo comum cultural, religioso e europeu, é essencial para pensarmos sequer na nova evangelização.”

Veja a sessão completa aqui.